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“As pessoas são o nosso maior patrimônio”

“As pessoas são o nosso maior patrimônio”

setembro 09, 2014

Hebert Araújo* é o autor, em parceria com Luis Sousa, do trabalho radiofônico “A volta da voz”, vencedor do Prêmio Roche de jornalismo em saúde na categoria Rádio. Este trabalho foi emitido na Radio CBN e foi eleito o vencedor entre os 51 trabalhos inscritos nesta categoria.

Esta reportagem explora o aspecto humano e as dificuldades que os cidadãos enfrentam com o sistema público de saúde no Brasil, a partir do relato de Francisco Lunguinho, um locutor de futebol que teve que submeter-se a um implante de próteses de laringe para recuperar sua voz.

Nesta entrevista, Hebert nos conta sobre seu trabalho e sobre as aprendizagens que teve logo após passar por esta experiência.

Como você chegou a esse tema, e qual foi o motivo que o levou a considerar que se tratava de um assunto interessante para ser abordado?
Recebemos uma comunicação da Secretaria Estatal de Saúde da Paraíba, onde informava que por primeira vez seriam realizadas no estado, cirurgias para implantar próteses traque esofágicas. Quando investigamos sobre o assunto, percebemos que o tema é importantíssimo para quem perdeu a fala por causa do câncer. Ao mesmo tempo, comprovamos de que a tecnologia havia chegado ao nosso estado com muito atraso, assim como a atenção oferecida para as pessoas com câncer no serviço público de saúde é lenta e acaba prejudicando aos pacientes. Além disso, quando descobrimos que um dos primeiros pacientes que iria receber uma prótese, tratava-se de um narrador esportivo que havia estado dois anos sem poder dizer uma palavra, compreendemos que nos encontrávamos perante a uma história humana inigualável.

Como você planejou o foco e a estrutura da história?
Na medida em que fui conversando com distintas pessoas: o médico que realizou a cirurgia, a fonoaudióloga que treina os pacientes para que voltem a falar, a filha do locutor e também a ele mesmo. Além disso, quando conseguimos as gravações dos jogos de futebol narrados por ele, nós começamos a montar a nossa linha narrativa.

Quais foram os valores éticos que guiaram o desenvolvimento desta reportagem?
Os direitos humanos, o direito a saúde pública de qualidade, a paixão dos profissionais (médicos e locutores) pelo seu trabalho e pela força interior de quem supera uma doença grave e não quer parar de sonhar.

Qual foi o maior desafio que você enfrentou no momento de desenvolver o trabalho?
Contar uma história humana sem cair no simples sentimentalismo, e através dela mostrar algo da realidade em que se encontra a saúde pública no Brasil e informar sobre a tecnologia médica que ajudou a Francisco Lungunho voltar a falar. O maior desafio foi equilibrar todos esses objetivos dentro de uma linguagem radiofônica eficiente.

Qual foi a maior aprendizagem jornalística que você obteve ao realizar esta historia?
Aprendi que as pessoas são sempre o nosso maior patrimônio; que a técnica jornalística e o conhecimento dos profissionais são muito importantes, mas que as pessoas estão à cima de tudo.

Qual é a sua visão do jornalismo em saúde na América Latina?
É muito importante para informar, dar a conhecer tecnologias e tratamentos, animar a quem está sofrendo por uma doença e principalmente, mostrar o quanto temos que melhorar se queremos que as pessoas tenham direito a uma saúde pública de qualidade. O jornalismo em saúde cumpre uma função social fundamental e deve ser incansável na sua busca, com o objetivo de que as autoridades tratem aos pacientes do serviço público de saúde com respeito, eficiência e dignidade.

O que significa para você ser o vencedor do Prêmio Roche de jornalismo em saúde?
É uma honra imensa. Por mais que nós nos esforçamos para realizar um trabalho com a melhor qualidade possível, não imaginava que seria o vencedor de um prêmio como este. O Prêmio Roche me proporcionou a maior emoção da minha vida profissional, além de proporcionar-me momentos de aprendizagem e amizade, na companhia dos extraordinários jornalistas que estiveram conosco no Roche Press Day.

*Hebert Araújo é jornalista de rádio e televisão. Formou-se como jornalista na Universidade Federal da Paraíba e é especialista em jornalismo cultural da mesma universidade. Foi repórter na TV Correio da Record e na Rede Correio Sat de Rádio. Desde 2012 é repórter na TV Cabo Branco da Globo e na Rádio CBN de João Pessoa.

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