Ganhadores

Cinco enfoques para cobrir o câncer como doença de saúde pública
O Jornalismo na América Latina se concentrou em informar sobre o câncer como uma doença individual e não como um problema de saúde pública. Isso é o que acha o doutor e jornalista Elmer Huerta, quem dirigiu uma webinar sobre os novos âmbitos desde os quais deveria ser exercido um jornalismo investigativo ao redor do câncer (ver seminário El cáncer, una enfermedad de salud pública en América Latina).
Diante desta situação, Huerta propõe uma mudança de paradigma: exercer uma cobertura jornalística que se enfoque –além dos pacientes– nas pessoas saudáveis. Esta nova perspectiva implica abordar o campo da prevenção e assumir as doenças como realidades de saúde pública que interessa a toda comunidade. Huerta sugere aos jornalistas a cobertura dos seguintes campos:
1. Programas de controle do câncer. Nestes programas (que geralmente estão escritos para os ministérios de saúde) se planteia o câncer como uma doença que, más além dos seus enigmas biológicos, pode ser prevenido. Os jornalistas abordam pouco este tema, apesar de que existem aqui, temas tão importantes como as razoes psicológicas pelas quais as mulheres não realizam uma citologia de colo uterino ou um exame de mama, ou a disponibilidade de profissionais em postos de saúde para a realização destes exames.
“Os jornalistas tendem a cobrir mais a respeito dos novos medicamentos do que os programas de controle do câncer, e isso acontece, devido a que por trás dos medicamentos estão as agências de relações públicas que andam atrás dos jornalistas. Ainda nos falta crítica”, afirmou Huerta.
2. Leis sobre o controle de sustâncias e atividades cancerígenas.Um bom exemplo disto são as leis que regulam o consumo de cigarros em espaços fechados ou em lugares públicos. Na América Latina este jornalismo é escasso, sobre tudo no momento de cobrir os obstáculos que interpõe alguns legisladores para aprovar leis a favor da saúde pública, beneficiando assim a empresários e a companhias multinacionais.
3. Programas comunitários.Faz referência a cobertura local dos programas de controles básicos que possuem as comunidades. Neste ponto estão incluídos os programas de detecção primária, campanhas para o uso da camisinha e o controle do cigarro, feiras de saúde, programas de nutrição e de proteção contra os raios ultravioleta.
4. Programas de educação profissional. No jornalismo, vale a pena se perguntar se os internos, residentes e estudantes de medicina estão sendo educados no controle do câncer. “Em muitas escolas de medicina os doutores saem adestrados para o lado da cura e pouco preparados para a prevenção, e essa é uma realidade que os jornalistas deveriam cobrir” afirmou Huerta.
5. Programas de oncologia psicossocial.Este é um campo muito atrativo na investigação, pesquisa e nas reportagens. Supõe cobrir os traumas da saúde mental que sofrem as pessoas diagnosticadas com câncer, as formas com que esses traumas são afrontados e as formas pelas quais se expande a dimensão humana dos médicos no momento de tratar um paciente que sofre de câncer.
Alguns websites para a cobertura jornalística do câncer
- American Cancer Society
- National Cancer Intitute
- Sociedade Americana de Oncologia Clínica e sua extensão Net
- The Cancer Letter
- A seção de saúde do New York Times
- A seção de saúde e ciência do Washington Post
…
Sobre o Prêmio Roche
O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa dos Laboratórios Roche na América Latina em parceria com a Secretaria Técnica da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-Americano –FNPI-, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre os temas de Saúde na região.